Análise: Mineirão e Independência.

O Atlético encerrou a temporada de 2018 com a sexta colocação do Campeonato Brasileiro e a vaga para a Copa Libertadores de 2019. Se em campo o time deixou a desejar em alguns momentos, na arquibancada o torcedor esteve sempre presente, sobretudo no Campeonato Brasileiro, competição que o Galo teve um público médio de 18.290 pagantes.


O objetivo deste trabalho é tão somente analisar os números disponibilizados ao público geral através do borderô de cada jogo. Não cabe nenhum julgamento ou preferência quanto aos locais escolhidos pelo Atlético para a realização dos jogos cujo mando de campo seja seu, uma vez que existem inúmeras outras variáveis que o clube pode e deve analisar ao optar por um ou outro estádio para seus jogos.

Nas tradicionais fichas técnicas divulgadas pelo clube, sites e jornais, normalmente constam apenas o público pagante e presente e a renda bruta da partida. O FalaGalo foi além e analisou o borderô de praticamente todas as partidas do Atlético como mandante de 2016 a 2018, e levantamos, além dos números tradicionais, as despesas que o clube teve nos jogos, a receita líquida e o superávit/déficit na partida.
Como a Conmebol não disponibiliza o borderô das partidas, excluímos as partidas da Copa Libertadores e Copa Sul-Americana de nossa análise, deixando somente as seguintes competições: Primeira Liga, Campeonato Mineiro, Copa do Brasil e Campeonato Brasileiro.

2016
Curiosamente – ou não –, nos anos que o Atlético mandou alguns jogos no Mineirão ele teve maior público total e maior média de pagantes, além de maior renda total e também média de renda.
Em 2016 o Atlético mandou nove jogos no Mineirão. Nestas partidas o clube levou 352.785 torcedores ao estádio, uma média de 35.279 por partida. Nestes jogos o Galo teve uma arrecadação com renda bruta de R$ 13.177.220,00 – média de R$ 1.317.722,00 por duelo.
Ainda em 2016, o Atlético fez 23 jogos como mandante no Independência, alcançando um público total de 409.981 torcedores – média de 15.184. Na ocasião o clube teve uma arrecadação total bruta de R$ 17.098.751,50 – média de R$ 633.287,50.
Agora entramos na análise do borderô. Nos 23 jogos que atuou no Independência o Atlético teve uma despesa total de R$ 5.936.512,00 – média de R$ 258.109,22. Já nas nove partidas que mandou no Mineirão, o gasto total foi de R$ 4.625.193,75 – média de R$ 513.910,42.
Embora a despesa do Mineirão seja mais elevada que a do Independência, a receita líquida do Gigante da Pampulha foi muito superior. Se na Arena do Horto a arrecadação líquida total foi de R$ 3.990.529,00 (média de R$ 173.501,28), no Mineirão ela foi de R$ 6.020.436,25 (média de R$ 668.937,36).
A diferença é gigantesca se observamos o valor líquido a receber em cada estádio. Nas partidas realizadas pelo Atlético em 2016 no Independência (sem contar os duelos válidos pela Copa Libertadores), o clube teve um déficit de R$ 1.065.128,44 (média de -R$ 48.414,93). Já no Mineirão a agremiação alvinegra teve superávit de R$ 974.041,03 (média de R$ 108.226,78).

2017
Eliminado da Copa Libertadores, em 2017 o Atlético fez 31 jogos como mandante, sendo 29 no Independência e apenas dois no Mineirão. A comparação fica desigual devido a enorme diferença de partidas nos estádios. Mas de toda forma o FalaGalo faz questão de trazer os números para você.
Nas partidas realizadas no Independência, o Atlético levou um público total de 416.240 torcedores, com renda bruta total de R$ 9.260.666,00. Além disso, a despesa total foi de R$ 5.682.667,21, com uma receita líquida total de R$ 2.765.758,89. Na temporada o clube novamente teve déficit no estádio do Horto, desta vez de R$ 1.279.684,96.
Nos dois jogos realizados no Mineirão o Atlético levou 74.661 torcedores ao estádio, com uma renda bruta de R$ 1.462.086,00 e um total de despesas de R$ 834.752,19. A receita líquida total foi de R$ 556.913,81, com um superávit de R$ 110.963,32.

2018
Neste ano o Atlético optou em não mandar nenhuma partida no Mineirão, realizando as 30 partidas que atuou como mandante no Independência. Com isso, o público e a renda total, além da média de renda por jogo, foram inferiores a 2016 e 2017.
Levando em consideração todas as competições, em 2016 o Atlético levou 771.487 torcedores ao estádio – média de 20.615 por jogo –, com uma renda bruta de R$ 30.275.971,50 (média de R$ 818.269,50). Já em 2017 os números caíram. Foi um público total de 581.168 (média de 16.605 por partida), com renda bruta total de R$ 15.302.624,00 (média de R$ 437.217,83).
Em 2018, sem nenhuma partida no Mineirão, o público total foi próximo ao ano de 2017, mas os valores se reduziram quase pela metade. Este ano o Atlético levou 562.220 torcedores ao Independência (média de 18.136 por jogo), com uma renda bruta de R$ 8.624.710,00 – média de R$ 278.216,45.
Entrando nos borderôs deste ano, observamos uma despesa total de R$ 2.213.598,52 (média de R$ 73.786,62), e uma receita líquida de R$ 5.439.504,49 (média de R$ 181.316,82). A respeito do valor líquido a receber, em três jogos a Federação Mineira de Futebol (FMF) alterou o formato do borderô, dificultando a transparência deste valor.

O cálculo do valor líquido pelo clube é feito de uma dedução da receita líquida pelos programas de sócio-torcedor, promoções (como a feita pelo Atlético com o jornal Super, por exemplo), entre outros serviços e adiantamentos.
Com exceção a estes três jogos, calculamos os demais e percebemos um valor líquido recebido pelo Atlético de R$ 100.720,05. Ao contrário dos anos anteriores, o clube alvinegro teve superávit no Independência em 2018.

A promessa é que o Atlético mande mais jogos no Mineirão em 2019, podendo assim elevar o número do público total no estádio no próximo ano e principalmente aumentar a receita do clube no que diz respeito a bilheteria.

Fizemos duas entrevistas com os responsáveis pela Arena Independência e pelo Mineirão para trazermos para os torcedores algumas informações que poucos tinham acesso.

Entrevista 1: Helber Gurgel, Gerente de Operações e Segurança da BWA (Arena Independência).
Link: https://youtu.be/6khQUYCar1c

Entrevista 2: Samuel Lloyd, Diretor da Minas Arena (Mineirão).
Link: https://youtu.be/pg7skrrVyGo

Esperamos que gostem da Análise e das entrevistas.

Texto: Stefano Bruno
Entrevistas: Silas Gouveia, Betinho Marques e Denilson Rocha.

@FalaGalo13

Comentários

  1. Parabéns pelo trabalho. Ficou nítido do quanto deixamos de ganhar dinheiro em um critério, na grande maioria, técnico. Claro que temos que analisar os jogos, mas a grande maioria no Independência já se mostrou totalmente errado.

    ResponderExcluir

Postar um comentário